personagens de animadores brasileiros

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Jô Oliveira

   Em 1967 surgiu como grupo de atuação, o Centro de Estudos de Cinema de Animação no Rio de Janeiro (CECA), por alunos da Escola de Belas Artes, sendo dissolvido um ano depois. Logo, Rui e Jô Oliveira, reunidos com outros animadores, entre eles Pedro Ernesto Stilpen (o Stil), Carlos Alberto Pacheco e Antonio Moreno, criam o grupo Fotograma, inspirado na animação experimental de Zélio, No Caos Está Contido o Germe de Uma Nova Esperança. O grupo promoveu diversas mostras de animação internacional, lotando as sessões no Museu de Arte Moderna, e mantinha um programa dedicado ao gênero no Canal 9 do Rio de Janeiro. 
   Entre os filmes realizados pelo grupo está: 

A Pantera Negra, de Jô Oliveira, combinando desenho direto em película com animação tradicional
   Em 1976, a Editora Codecri, da turma do Pasquim, lançava um álbum especial com três histórias em quadrinhos de um certo desenhista pernambucano que acabara de retornar ao Brasil, depois de ter trabalhos publicados em importantes revistas do mundo. Era Jô Oliveira e o álbum era A Guerra do Reino Divino, história clássica que hoje em dia seria chamada de “graphic novel”. Na contra-capa da revista, Ziraldo escreveu o seguinte editorial, apresentando o artista gráfico aos leitores: “Conheci Jô de Oliveira em Lucca, na Itália, durante um congresso de história em quadrinho no ano de 1973. Estava lá 
aquela brasileirada toda: o Maurício de Sousa, o Márcio, Jayme Cortez, Álvaro Moya mais o Miguel Paiva e eu. De repente, pinta no grupo dois moreninhos muito tímidos e, como brasileiro no exterior – ai, meu Deus! – vira tudo irmãozinho, enturmaram logo. A certa altura, Márcio de Souza e eu falávamos sobre os dois, quando eu disse: “Aqueles dois paulistas do seu grupo…” e o Márcio discordou: “Espera aí. Eles não são nem paulistas nem do nosso grupo. São cariocas* e do grupo de vocês.” Aí ninguém entendeu mais nada.
    Fomos esclarecer a questão e descobrimos que eles – com aqueles casaco estranhíssimos, aqueles bigodões e barba, aquela fala mansa e tímida – tinham acabado de chegar de Budapeste, na Hungria, depois de viver cinco anos lá, sem sair, estudando artes plásticas.

   Naquela confusão de Lucca, estavam achando o “ocidente” um barato!
Consultado, achei que podiam – e deviam – voltar, que tínhamos aqui um mercado de trabalho em ascensão, que o começo ia ser meio duro, mas que a qualidade do trabalho deles ia acabar se impondo. Eles voltaram de Lucca para a Hungria e nós para o Brasil. Menos de dois anos depois, olha eu abrindo a revista Alter-Linus**, a mais importante publicação de história 
   O congresso é uma agitação latina típica, parece uma festa brasileira, aquela bagunça que resulta simpática, mil transas, os dois – Jô de Oliveira e Rui de Oliveira – estavam zonzos. Já eram, naquela altura, artistas gráficos da melhor qualidade – o trabalho que estão realizando hoje no Brasil prova isso – mas, em matéria de histórias em quadrinho, os dois boiavam. Os portfólios que traziam com seus trabalhos deixava o pessoal de Lucca com água na boca. Eles já tinham plano de retornar ao Brasil, faltava um ano para terminar o curso em Budapeste.


em quadrinhos da Europa, e dando de cara com dezesseis páginas do Jô, com capa dupla e tudo. Era A Guerra do Reino Divino não só publicada pelo Linus, como cantada em prosa e verso pelos “fumetólogos” italianos.
Jô e Rui – de Oliveira, sem serem irmãos – voltaram para o Brasil e já ocuparam seus lugares numa rapidez muito maior do que o melhor dos meus prognósticos.
Reunidas neste álbum estão as três primeiras histórias em quadrinhos do Jô. Elas já foram publicadas no Linus e na revista Crisis de Buenos Aires e apareceram aqui nas páginas de Versus e Balão. Mesmo não sendo inéditas, achamos da maior importância lançar este álbum, reunir esse trabalho de Jô numa só publicação, pois acreditamos que ele merece o interesse e a reflexão do leitor brasileiro: é um documento que o Pasquim, por sua Editora Codecri, apresenta com a maior satisfação.”

   A foto: em Lucca, durante o Congresso de 1973, da esquerda para a direita, Jô Oliveira, Jayme Cortez, Rui de Oliveira e Márcio de Souza.


  Jô Oliveira nasceu em Pernambuco, no município de Itamaracá, no dia 25 de março de 1944 e é graduado em Comunicação Social pela Escola Superior de Artes Industriais da Hungria.
Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse - CLIQUE PARA VER A PÁGINA MAIORA Guerra do Reino Divino - Clique para ver a página maior
Lampião, de Jô Oliveira - Clique para ampliar

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