personagens de animadores brasileiros

sábado, 20 de agosto de 2011

Yppe Nakashima

   Ypê Nakashima nasceu em 5 de junho de 1926, na província de Oita (Oita-Ken), na extremidade sul do arquipélago japonês. Filho caçula de uma prole de cinco, teve a sua infância bem tranqüila, apesar dos conflitos políticos e da guerra.

                                          

  Após cursar o primário e ginásio, em sua província natal, prestou e ingressou na Escola de Belas Artes de Kyoto, contrariando seu pai que achava a vida de pintor, nada promissor. O ano era 1942 ou 1943, quando Ypê tinha 17 anos. 
  Aos 19, já estudante de artes, teve de interromper os estudos, pois foi convocado pelo governo a prestar serviços na guerra. Foi designado a servir num batalhão anti-aéreo na cidade de Nagassaki, onde, inclusive caiu a segunda bomba atômica.
   Terminada a guerra, voltou aos estudos e alguns anos depois concluiu.  e fez vários tipos de trabalhos, se firmou em jornais, fazendo charges, tiras, e ilustrações. Foi chargista e trabalhou em jornais como Mainichi Shimbun, Yomiuri Shimbun e Asahi Shimbun. 


   Viveu cerca de dez anos em Kyoto. Em 1950 casou-se com Emiko Nakashima, com quem teve três filhos, dos quais só um, o último, Itsuo, sobreviveu.
    Trabalhou nos estúdios da Toei como free-lancer criada em 1969 pelo Regime Militar. A finalidade da empresa era a divulgação do filme brasileiro no exterior.       

                            


   Nessa época, São Paulo já contava com 400 anos de existência, a indústria se desenvolvia a passos largos, no rastro do presidente JK. A televisão, só possuía dois ou três canais; agências de publicidade, eram poucas; os anunciantes veiculavam comerciais na TV com durações de minutos; programas, eram todos ao vivo; havia um ar de romantismo em tudo.



   Como todo bom japonês, Ypê se inteirou rapidamente com a colônia japonesa. Prestou serviços naquilo que sabia fazer, para entidades como: Nippak Shimbum; São Paulo Shimbum; Cooperativa Agrícola de Cotia; entre outros. Em alguns meses já estava com uma casa alugada para morar e um escritório  para trabalhar. 
    Por alguma razão impossível de se saber, Ypê começou a pesquisar cinema de animação. Uma coisa curiosa que ele associou à pesquisa, foi a fascinação que sentia pelas lendas e folclore brasileiros. Tanto que em pouco tempo criou um personagem chamado Papa-Papo, que era um papagaio. Com este personagem chegou a realizar inúmeros curtas-metragens, que infelizmente nunca foram exibidos em qualquer circuito.



    Após oito, nove anos tocando modestamente o seu estúdio sozinho, surgiu uma pessoa, João Luis de Carvalho Araújo, um funcionário do departamento de publicidade da Willys Overland do Brasil. Com o João agora, fazendo contato, o tipo de cliente que começou a afluir para o estúdio e a diferença de zeros a mais nos orçamentos se fez notar, ele realizou filmes publicitários que lhe trouxeram considerável sucesso.

                                  


   Em 1966, dez anos após ter chegado ao Brasil, retorna sozinho ao Japão para tentar conseguir algum acordo comercial com relação às produções de filmes de animação para  televisão brasileira. Depois de 40 dias volta ao Brasil, cheio de possibilidades, mas de fato nada de concreto. 
   Por aí, começa a colocar em prática, aquilo que todos que o conheciam chamaram de loucura. A produção de um longa metragem. Entre criar uma história, batizar o personagem principal que virou título do filme, até a primeira cópia ser finalmente exibida ao público, transcorreram cerca de seis anos estafantes, exaustivos. Não apenas pelo trabalho que normalmente daria, mas por inúmeras dificuldades como, falta de recursos, ausência de profissionais com quem se pudesse dividir o peso da produção, falta total de estrutura enfim. Mesmo assim, o filme saiu. Chamou-se Piconzé. Estreou em 1972, foi exibido em várias capitais, recebeu dois prêmios do Instituto Nacional do Cinema / INC (Prêmio Qualidade e Coruja de Ouro pela montagem). O filme foi largamente comentado na mídia impressa e na mídia eletrônica também e chegou a ser convidado a participar do festival de Moscou.
   A trilha sonora continha canções compostas pelo músico Damiano Cozella e letras de Décio Pignatari. Essa foi uma das primeiras animações nacionais a serem realizadas por uma grande equipe de animadores, todos eles treinados pessoalmente por Yppe Nakashima. Alguns consideram Piconzé como sendo a primeira animação com maturidade profissional no país.      

                                   


   Piconzé, já estava pronto há cerca de um ano, mas por falta de recursos financeiros, a gravação da trilha sonora só pôde ser feita após esse um ano. A trilha sonora continha canções compostas pelo músico Damiano Cozella e letras de Décio Pignatari. Essa foi uma das primeiras animações nacionais a serem realizadas por uma grande equipe de animadores, todos eles treinados pessoalmente por Yppe Nakashima. Alguns consideram Piconzé como sendo a primeira animação com maturidade profissional no país.  

                             

    Apesar da aparente prosperidade, diante de um país ainda com enormes problemas pós-guerra, em 1956, Ypê, sua mulher e filho, embarcam num misto de cargueiro com navio de passageiros, rumo ao Brasil.   Nesse ínterim, Yppê, praticamente escreveu, fez o roteiro, animou, uma nova história, que nada tinha a ver com o Piconzé. 
    Em aproximadamente um ano, ele fez um trabalho que no primeiro longa levou quase três. Ocasionado pelo ritmo maluco, devido à produção do Piconzé e também do segundo longa, ou até quem sabe, alguma seqüela da bomba atômica de Nagassaki, em menos de seis meses, após retornar com a mulher, filho e amigos, de um camping no litoral norte paulista, foi acometido de uma hemorragia interna, causada por cirrose hepática. 
   Em 6 de abril de 1974, às 7:00, no Hospital Beneficência Portuguesa, faleceu, Ypê Nakashima, com 47 anos de idade, deixando seu segundo longa-metragem Irmãos Amazonas inacabado. 


Além de Piconzé realizou os curtas:

O reino dos botos 

Era um vez (1956)

A lenda da vitória régia (1957) 

O Gorila (1958)  

Kitan da Amazônia (1968)
   Kitan é um super-homem da Selva amazônica.
Um típico foilme de mocinho. combinando a técnica da ficção científica com a dos  quadrinhos num cenário tipicamente tropicalista.
Num estilo semelhante ao dos estúdios da Hanna Barbera e dos quadrinhos de Johnny Quest. 
















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